O homem perfeito à imagem e semelhança de Deus

O homem perfeito à imagem e semelhança de Deus

Não é difícil ver que um ser com uma consciência cósmica diurna tão viva, como a que Cristo manifestou através de seu conhecimento e de sua atuação, é um homem perfeito à imagem e semelhança de Deus. Era um com Deus, um com o caminho, a verdade e a vida. E na cruz, na culminação de seus sofrimentos, demonstrou que podia amar a seus inimigos. Pediu a Deus o perdão dos pecados para os homens que o crucificaram. Não tinha coração para que fossem castigados. Compreendeu que não sabiam, absolutamente, o que faziam. Mas, como pode um ser estar tão avançado em relação ao nível de evolução do homem terreno ? Pode estar porque o globo terrestre não é o único globo do universo no qual Deus cria seres humanos à sua imagem e semelhança. Em alguns destes outros globos do espaço, o homem não avançou tanto em sua evolução como o homem terreno, enquanto que existem outros globos em que o homem encontra-se no mesmo estádio. Existem outros globos nos quais o homem está muito mais avançado em sua evolução do que o homem o terreno, do mesmo modo que, naturalmente, em outros globos o homem já alcançou, há muito tempo, a perfeição total, chegou a ser homem à imagem e semelhança de Deus. Nao é precisamente um reino formado por seres deste tipo, acabados ou totalmente perfeitos à imagem de Deus, o que constitui o reino dos céus ?. E não é justamente a um reino deste tipo que Cristo alude quando diz: “meu reino não é deste mundo”?. Se não se tratava precisamente de um reino com esta esfera de consciência cósmica tão elevada da qual Cristo estava dotado, que reino podia ser este ao qual dizia ser seu ?.

A direção sobrenatural ou cósmica após a redenção do mundo

Um reino deste tipo, formado por seres totalmente desenvolvidos à imagem e semelhança de Deus, é o que precisamente constitui a consciência primária de Deus. Os seres perfeitos e acabados criam aqui os órgãos da consciência primária ou instrumentos para a direção dos globos terrestres e dos reinos de existência dos seres inacabados, nos quais Deus do mesmo modo que na Terra cria o homem à sua imagem e semelhança. Esta direção sobrenatural ou cósmica é a que estimula a redenção do mundo. Esta direção de Deus é um fundamento ativo da transformação de animal a homem que está em todos os seres vivos inacabados. E é através dos seres desta direção que Deus ouve as orações dos seres vivos e por meio destes seres que responde a elas. Converter-se em um destes seres da consciência primária de Deus é a transformação do homem imperfeito em homem perfeito e sua liberação da escuridão. É o resultado final da criação feita Divindade do homem à sua imagem e semelhança.

Para o homem físico inacabado, o mundo físico é o mundo primário, dado que, primordialmente, somente pode perceber com seus sentidos fisicos. Com estes sentidos somente pode perceber coisas materiais. Numa análise mais profunda, as coisas materiais são movimento. Este se mostra, por sua vez, sob a forma de uma multitude de tipos muito variados. Estes tipos de movimentos manifestam-se como matérias, substâncias e coisas criadas. Como constituem coisas criadas, estão submetidas a um começo e a um fim. Por causa disto, são temporais. Como o homem inacabado unicamente pode perceber com seus sentidos físicos, somente estas coisas temporais podem ser experimentadas por ele como um feito. Conseqüentemente, em seus estádios primitivos, pode compreender muito dificilmente, ou totalmente não compreender, que algo possa não ter um começo e um fim. Com os sentidos físicos não pode ver nada que seja eterno.

Mas graças à estrutura cósmico-orgânica mencionada, (no Livets Bog – O livro da Vida), que vincula o ser vivo com a Divindade e cria o fundamento da primeira e incipiente faculdade espiritual do ser, a faculdade do instinto, pode este perceber vagamente. Com esta faculdade, a primeira e incipiente faculdade espiritual do ser no ciclo de espiral, este pode perceber vagamente coisas cuja existência não pode ver diretamente com seus sentidos físicos. Mas perceber vagamente não é o mesmo que ter certeza, apesar do fato que esta percepção possa gerar uma crença tão forte no objeto cuja existência se suspeita, que se converte em auto-sugestão. Através desta auto-sugestão, a crença do ser neste objeto é tão forte, que sente diretamente sua existência como um feito. Através desta faculdade de perceber vagamente e da crença engendrada por ela, o homem foi dirigido através de seus primeiros estádios religiosos primitivos. Mediante o princípio da redenção do mundo, o estado no qual o homem percebia e acreditava vagamente foi modelado, dirigido e conduzido para formas de objetos religiosos sempre mais elevadas e perfeitas até, finalmente, chegar ao último grande objeto de fé: o Deus único, verdadeiro, todo-poderoso, onisapiente e que ama com amor universal.

Junto à percepção física real do homem em objetos temporais ou fenômenos materiais, surgiu em sua vida um sentimento muito relevante, uma espécie de certeza sobre a existência de uma Divindade, assim como idéias sobre um mundo espiritual além do físico. Desta forma, entrou na vida do homem, a faceta religiosa, não através de um saber intelectual ou poético e nem via especulações humanas, mas exclusivamente através de um sentido espiritual mantido pela vinculação cósmico-orgânica automática que existe entre a Divindade e o ser vivo. Que esta vinculação entre Deus e o filho de Deus não tinha que continuar sendo experimentada unicamente como uma vaga percepção, que devia reforçar-se com fé, que em si mesma era uma auto-sugestão, é muito natural. De que outro modo o ser poderia torna-se imagem e semelhança de Deus ? Para que o homem avançasse em sua transformação de animal a homem, esta faculdade de perceber vagamente e a fé ou auto-sugestão tinham que debilitar-se ou cessar totalmente. Isto aconteceu de acordo com o ciclo cósmico e a lei das épocas de desdobramento das energias básicas que nele regem. ( maiores detalhes sobre as energiasbásicas do universo são encontrados no “Livets Bog” – O Livro da Vida – e no “Det Evige Verdensbillede” – A Imagem Eterna do Universo – )

À parte da faculdade do instinto ou da percepção vaga, a religiosidade do homem primitivo estava, naturalmente, sustentada por um sentimento primitivo, isto é, por um sentimento que, de modo predominante, todavia manifestava-se como antipatia ou diretamente como falta de amor, ódio e perseguição, egoísmo ou interesse próprio, um sentimento que simplesmente pode ser expressado sob o conceito de “cada um que pense em si mesmo”. Mas este sentimento primitivo, que praticamente ainda não pode manifestar-se como amor ao próximo ou compaixão para com outros seres, é, proporcionalmente, animal e diametralmente oposto ao sentimento que se transformou em humano e que pode ser expressado sob o conceito de que cada pense em seu próximo. O homem que se encontra neste estádio não está, naturalmente, em condições de cumprir o mandamento da lei suprema e eterna da vida que diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos e a Deus acima de todas as coisas. Levar o homem inacabado a este estado de perfeição total somente pode ser, única e exclusivamente através da evolução e não através da fé ou sugestão. O modo de ser do homem totalmente perfeito baseia-se exclusivamente em seu próprio saber, experimentado por si mesmo com sua consciência diurna desperta. Baseia-se em seu próprio e absoluto conhecimento – adquirido por esta experiëncia própria – da escuridão e da luz da vida, que é o mesmo que o presunto mal e o presunto bem respectivamente.

Para adquirir este conhecimento totalmente como um saber experimentado por si mesmo, um nova faculdade tinha que aparecer na psique do homem. E esta faculdade é a da inteligência. Com esta faculdade, que certamente é do tipo espiritual, o ser não pode perceber diretamente objetos exteriores, mas com ela pode analizar o que experimenta através dos sentidos físicos e espirituais. Como os sentidos espirituais do homem inacabado estão latentes, à parte do instinto ou faculdade de perceber vagamente, somente pode, antes de tudo, perceber ou experimentar fisicamente. Assim, portanto, o único que tem para poder analisar com a inteligência são estas experiências físicas. Como todas as experiências físicas somente são materiais, o que pode experimentar com a inteligência como feitos reais são unicamente resultados materiais. Mas os resultados materiais somente são um conhecimento sobre a matéria, as substâncias, os processos criadores da natureza, os organismos físicos dos seres vivos ou, em resumo, os fenômenos físicos mesocósmicos, macrocósmicos e microcósmicos. E este conhecimento físico é o que conhecemos sob o conceito de ciência materialista. Como esta ciência baseava-se em feitos reais, terminou com o conceito religioso dos seres, que somente fundamentava-se em objetos que não podiam ser observados e controlados com os sentidos físicos. E, conseqüentemente, os seres transformaram-se em materialistas e ateus. Deste modo, distanciaram-se tanto da Divindade o quanto foi possível desde o ponto de vista de sua consciência. Por isso, não podiam incorporar os objetos religiosos à galeria de feitos materiais. Enquanto o homem inacabado tinha em sua fé religiosa e em sua sugestão uma base provisional para a sua alma, seu espírito e sua moral na qual podia descansar, agora, com a derrocada desta base por parte da inteligência, somente lhe resta como ponto de referência seu conhecimento ou ciência materialista. Mas como esta ciência unicamente baseia-se em fatos físicos, isto é, em um conhecimento sobre os corpos físicos mortais dos seres vivos e as demais matérias, substâncias e movimentos; em um conhecimento sobre o volume, sobre os fenômenos sólidos, líquidos e gasosos, sobre os resultados que podem ser pesados e medidos, sobre processos criadores, em resumo, em um conhecimento sobre tudo o que entra no conceito das matérias físicas, não pode constituir o mínimo fundamento para a alma, para o espírito e para a moral. Entretanto, tampouco é esta a sua missão. Baseia-se somente nos sentidos físicos e, conseqüentemente, somente pode proporcionar ciência física. Mas esta ciência é uma condição vital para a criação do reino humano divino e físico no qual o homem alcança o grande nascimento e a última época de sua encarnação física antes da existência espiritual permanente. Como poderia um reino humano físico ser totalmente perfeito, se os seres não tivessem chegado a conhecer as matérias ou substâncias físicas e não as dominassem ao ponto de poder criar bens materiais físicos, que um reino deste tipo possa ter para poder ser verdadeiramente paradisíaco para o homem acabado à imagem e semelhança de Deus ? Dita ciência já proporcionou à humanidade uma grande quantidade de bens os quais a liberaram do trabalho extremamente duro e pesado.

Porém, como somente pode perceber e observar os resultados físicos e não está em condições nem de ver e nem de perceber a vida espiritual da qual estes são exclusivamente um resultado, os fenômenos físicos são, em maior ou menor grau, interpretados por esta ciência como algo que surge de si mesmo. Carece totalmente de premissas para experimentar a realidade espiritual e viva, que é fundamento de todo fenômeno físico. Portanto, transforma-se em uma ciência atéia e somente acredita nos resultados da matéria física os quais, em si mesmos, não têm vida. Na verdade, constituem um texto espiritual, uma linguagem sobre a existência da Divindade, sobre a esfera da existência espiritual, sobre a vida eterna dos seres e sua criação de destino e sobre os demais fenômenos espirituais ou cósmicos, sem os quais o mundo físico e, conseqüentemente, qualquer tipo de vida seriam totalmente impossíveis. O cientista materialista, que ainda não avançou tanto em sua evolução, sem uma faculdade humana relevante ou amor ao próximo em elevado grau, de forma que sua faculdade de intuição seja ativa, não pode compreender absolutamente a linguagem espiritual que se revela através de todos os fenômenos físicos. É por isso que, transitoriamente, tem que ser materialista e ateu. Considera que as armas mais mortíferas e mais diabólicas são as ajudas mais eficazes para criar a paz e protegê-lo tanto a si mesmo como ao país. E em seres humanos deste tipo encontramos os sustendadores da guerra, da escuridão ou cataclisma. As armas, a mentira, o engano, o ódio, a inimizade, o egoísmo ou interesse próprio e a intolerância constituem ainda, em maior ou menor grau, o fundamento do modo de ser destes seres. Estes seres semeiam, desta maneira, a escuridão e devem colher ou experimentar o resultado desta escuridão que se transforma em seu destino, enquanto sigam semeando os gérmens do cataclisma.

De mineral a homem

No que precede, chegamos ao estádio do homem acabado, isto é, ao estádio ou reino sobre o qual Cristo diz: “meu reino não é deste mundo”. Como já sabemos, este reino não existe ainda na Terra. Somente existe em globos com um nível evolutivo superior e com uma humanidade mais evoluída do que a humanidade da Terra. Estes são tão altamente evoluídos que neles encontramos o resultado final no que se refere à criação do homem à imagem de Deus. Um ser que aqui se encontra já atravessou todos os estádios evolutivos. Em seu atual ciclo de espiral cósmico começou sob a forma de mineral e vegetal. E de vegetal passou à forma de vida animal, culminando nesta como homem diabólico ou como um ser da escuridão ou do princípio mortífero. Converteu-se na origem da guerra e dos destinos infelizes. E as consequências disto foram o cataclisma e experimentação da culminaçao da dor e do sofrimento. Com o desenvolvimento desta incipiente faculdade humana, começou a vibrar de acordo com o tom fundamental do universo, o amor. Com esta faculdade iniciou-se uma nova época em sua passagem pelo ciclo de espiral. E com a ajuda da redenção do mundo começou a dominar a natureza animal que ainda lhe restava para vencer.

Os seres cosmicamente conscientes

Com a superação do último resto da natureza animal em sua psique, este ser evoluiu até tornar-se receptivo para a consciência cósmica permanente, o que significa a experimentação de um modo permanente e com consciência diurna de todo o mundo psíquico, espiritual ou cósmico. Com este processo, o ser alcança total soberania espiritual. Experimenta a Divindade com uma consciência diurna totalmente desperta; convive diariamente com ela de um modo consciente e está em contato absoluto com a consciência deste Ser onipotente. É através de seres deste tipo, os quais se mostram como redentores do mundo, com diferentes graus de evolução, que a Divindade governa os mundos, dirige a psique dos seres a um nível moral próprio de cada grau evolutivo para, finalmente, e através dos seres que já terminaram sua evolução, isto é, seres com total consciência de Cristo, guiá-los ao término de sua evolução com um nível de consciência igualmente elevado, levá-los para a total soberania espiritual e conduzí-los a ser um com a Divindade.

O homem perfeito

Como um exemplo de homem totalmente evoluído mencionamos, no que antecede, o redentor do mundo Jesus Cristo. Cristo tinha, naturalmente, uma consciência muito mais ampla do que a que foi possível revelar na esfera física, todavia muito inacabada da humanidade terrena. O esplendor divino que tinha ao seu redor na esfera cósmica ou em seu reino, que não era deste mundo, não podia ser experimentado pelos seres humanos físicos, exceto no caso de que tivessem tido a maturidade suficiente para o grande nascimento ou para lampejos cósmicos de muita importância. Por isso é algo divino que o redentor do mundo apareça diante do homem comum como um homem comum, físico e terreno. Caso contrário, o sistema nervoso do ser poderia sofrer danos. Um homem totalmente evoluído, o ser-Cristo, não pode absolutamente manifestar toda a sua soberana consciência cósmica no organismo físico ou corpo de um homem terreno comum. Esta consciência somente pode ser aplicada totalmente em um organismo humano desenvolvido para isto. E este organismo ainda não existe aqui na Terra, se bem que seu desenvolvimento em relação à transformação dos polos já se inciou há tempos. Este corpo será o que liberará o homem dos atuais e dolorosos nascimentos do seio materno e das conseguintes fases de infância. A estrutura do organismo do homem perfeito pode ser criada através da materialização, isto é, com uma criação instantânea. Do mesmo modo, pode ser dissolvida também instantaneamente através da desmaterialização. O homem finalizado à imagem de Deus está, portanto, acima do nascimento e morte terrenos do atual momento. O compacto organismo físico, humano, terreno é substituído, no homem perfeito, por um organismo totalmente provisional que subitamente pode materializar-se e desmaterializar-se. Esta faculdade divina está se desenvolvendo no avançado homem da Terra.

A missão de Cristo que tem o homem perfeito

O homem acabado à imagem de Deus é, portanto, um ser que atravessou toda a zona escura do ciclo de espiral, vencendo-a totalmente e que agora tornou-se absolutamente um ser de luz. Emana puro amor ao próximo diante de tudo, sem importar-se se é uma planta, um animal ou um homem, independente der ser amigo ou inimigo. Está, portanto, em contato com o tom fundamental do universo que, como já vimos, é o amor. Esta qualidade luminosa e cheia de calor humano também é a que faz com que o homem torne-se um com Deus. Torna-se um órgão ou instrumento totalmente perfeito da consciência primária de Deus. Um ser deste tipo está agora sumamente qualificado para ser o criador de moral e cultura de todo um globo ou mundo, nos casos onde a humanidade deste globo tenha chegado em sua evolução através do ciclo de espiral, ao estádio no qual tem a maturidade suficiente para a total e esclarecida verdade eterna ou a solução do mistério da vida, em forma de análises cósmicas que podem ser compreendidas através da inteligência e, desta maneira, serem experimentadas como ciência cósmica. Foi uma revelação cósmica deste tipo a que surgiu de Cristo em direção à humanidade, transformando-o deste modo em redentor do mundo. Tal como já dissemos, era um homem acabado à imagem de Deus. Ele já havia vivido, há tempos, o grande nascimento e, em seu Espírito, não era um verdadeiro homem terreno. Pertencia a um reino que não era deste mundo. Entretanto, deixou-se encarnar aqui na Terra por uma ordem de Deus. Teve que abandonar seu elevado reino e, através de um nascimento em um corpo ou estado orgânico humano, terreno e primitivo para Ele, apresentar-se como um homem terreno em aparência comum, viver sua infância e juventude e todos os demais estados comuns, sendo inclusive carpinteiro. Seu nascimento em um estábulo, como um menino pobre também não foi nada airoso. A glória estava oculta para a maioria. É necessário um desenvolvimento bastante avançado para poder experimentar e ver o redentor do mundo totalmente perfeito ou o Ser-Cristo detrás do organismo comum de um homem terreno. Através deste organismo inacabado, o homem acabado não pode, naturalmente, manifestar toda a sua glória, saber e conhecimentos cósmicos. Não existe aqui na Terra um organismo adequado para o homem perfeito. Somente pode encarnar-se neste quando tem que viver em seu próprio reino, isto é, em um reino que não é deste mundo. Quando este homem acabado à imagem de Deus, por causa de sua missão como redentor do mundo, tem que encarnar-se na esfera física de um mundo inferior, isto somente acontece encarnando-se em um organismo físico deste mundo inferior. Não há nenhuma possibilidade de poder encarnar-se em um mundo inferior em um organismo de Cristo acabado, porque um organismo deste tipo não existe todavia neste mundo. É por isso que o perfeito Cristo como redentor do mundo vê-se obrigado a poder manifestar-se somente em um organismo físico muito deficiente para a sua consciência.

Por isso sempre estará camuflado como um dos seres próprios deste mundo inferior. Desde um ponto de vista puramente físico, Cristo apareceu como um homem terreno comum. Somente muito pouco de seus contemporâneos puderam ver o Cristo detrás do organismo de um homem terreno. Estes poucos eram seus discípulos e outros que o seguiam de perto. Entretanto, a imagem de Cristo para estas pessoas não era totalmente estável e nem permanente. Flutuava muito. Às vezes viam Cristo de uma maneira muito clara detrás do organismo de um homem terreno e o amavam e o adoravam. Outras vezes suas próprias estruturas mentais, egoístas e inacabadas ocultavam o redentor do mundo. E então somente viam a camuflagem, sua manifestaç­ão como homem terreno normal e, nestes momentos, esqueciam totalmente quem era. O redentor do mundo com o nível de Cristo no ciclo de espiral é um gênio absoluto no que se refere à moral. Mas isto não significa que também não seja um gênio nas profissões e ofícios terrenos dos seres humanos normais e que, obviamente, tenha a capacidade de aprendê-las. Mas o redentor do mundo não veio, naturalmente, para ser especialista na ciência materialista, mesmo quando e certamente, a reconhece como informação real sobre um determinado aspecto da verdade eterna da vida e, conseqüentemente, sobre um determinado aspecto do Espírito Santo de Deus. O homem terreno tem, porém, capacidade suficiente para trabalhar com esta ciência; tem milhões de especialistas ou pregadores da verdade à sua disposicão. Trata-se de uma ciência sobre a criação e sobre o que foi criado, mas não é uma ciência sobre o próprio criador, isto é, sobre o Algo inquebrantável e eterno que constitui o vivo em todos os seres vivos e na Divindade. Este conhecimento ou ciência sobre este Algo supremo unicamente pode ser adquirido através da faculdade da experimentação, o que pertence a uma etapa da evolução que a humanidade terrena ainda não alcançou ou, em todo caso, encontra-se em seu umbral para começar a passá-la. É por isso que esta suprema ciência sobre o que vive eternamente nos seres e na Divindade somente pode ser revelada através das profecias sobre a redenção do mundo e através do redentor do mundo. Não devemos esperar, portanto, que o redentor do mundo seja um gênio em relação a processos criadores puramente materialistas. Neste campo ele pode, naturalmente, ser tanto ignoramente como ingênuo. Não por falta de inteligência, mas exclusivamente porque questões materialistas deste tipo estão à margem de seu dever e responsabilidade no que se refere à sua missão. Sendo assim, compreende-se que aqueles, entre seus seguidores, que têm grandes dotes no campo materialista, em momentos de debilidade, egoísmo e irritação não possam ver o redentor do mundo. Sua camuflagem lhes hipnotiza e, no pior dos casos, o vêem como um ser ingênuo ou primitivo com grandes faltas morais. Não é isso confirmado em toda a paixão de Jesus ? Se seus inimigos e assassinos tivessem podido ver que aquele a quem torturavam e crucificavam era o redentor do mundo, o enviado de Deus à humanidade, evidentemente não o teriam feito. Em sua oração: Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem, Jesus confirmou esta ignorância deles. Mas o redentor do mundo Cristo mostrou à humanidade que o homem acabado à imagem e semelhança de Deus não retrocede de forma alguma diante do fato de ter que tomar sobre si os sofrimentos mais terríveis ou uma crucificação, se com isto pode ser útil e acelerar na liberação ou salvação da humanidade do poder da escuridão e do sofrimento. Quem tem um amor maior que o ser humano que toma sobre si os sofrimentos e perde a sua vida para salvar outros seres humanos da desgraça e sofrimentos ? Através de Cristo foi mostrado aos seres humanos muitas facetas do perfeito amor ou modo de ser do homem perfeito. E os seres humanos vão evoluir até ter um amor deste tipo para ser homem finalizado à imagem e semelhança de Deus.